Luiz Claudio Romanelli*
Na quinta-feira, o ministro Edson Fachin foi sorteado para assumir o comando da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal no lugar de Teori Zavascki. Foi uma boa surpresa e na minha avaliação a certeza de que a Operação Lava Jato vai andar com rapidez e transparência.
O ministro é gaúcho de nascimento, mas paranaense por adoção e de coração. É o ministro com menos tempo no STF. Está no cargo há um ano e sete meses, mas conquistou o respeito de seus pares pelo equilíbrio, discrição e pela firmeza de suas convicções.
Professor da UFPR desde 1991 foi coordenador do curso de Direito e é reconhecido internacionalmente. Sobre Fachin, vale a pena ler a matéria publicada no UOL, de autoria do jornalista Rafael Moro Martins, que ouviu colegas e amigos do ministro. (Clique aqui).
O professor e procurador do Estado Carlos Frederico Marés, igualmente muito respeitado no meio acadêmico e entre os advogados paranaenses, o qualifica como incorruptível. O recém-empossado reitor da UFPR, que também foi professor e coordenador do curso de Direito, Ricardo Marcelo Fonseca, a quem homenageei com o titulo de cidadão benemérito do Paraná, ressalta seu grande conhecimento jurídico, “retidão e integridade, equilíbrio, prudência, bom senso e temperança”.
O próprio ministro, em nota emitida após o sorteio, comprometeu-se a relatar processos do maior caso de corrupção do país com prudência, celeridade, responsabilidade e transparência. Estou confiante que o fará.
A Lava Jato precisa andar com mais velocidade, até para que o país volte à normalidade política e econômica. Atualmente, são 109 investigados da Lava Jato. Desses, 13 são senadores e 29 deputados. Com a homologação da delação dos executivos da Odebrecht, possivelmente o número de políticos envolvido crescerá exponencialmente. A sociedade exige respostas, a apuração e efetiva punição dos eventuais culpados, seja de que partido for.
Ninguém mais suporta os escândalos quase diários na mídia, as prisões espetaculosas, o vazamento seletivo de informações e, sobretudo, o massacre de reputações sem a devida comprovação de crimes- cujo resultado é o preconceito e o ódio que estão corroendo o pais e é especialmente visível e preocupante nas redes sociais.
Esse clima de vale tudo e de perversidade chegou ao limite esta semana, com a morte da esposa do ex-presidente Lula e ex-primeira dama, Marisa Leticia. Desde o anúncio de sua internação até depois da divulgação de sua morte, o que se viu na Internet foi um espetáculo grotesco de falta de humanidade, de respeito, de compaixão, de educação, de civilidade, assistimos o que Humberto Eco definiu como a conspiração dos imbecis.
Lendo comentários em notícias de sites e em posts no Facebook pude comprovar, horrorizado, que parte de nossa sociedade está gravemente doente e perturbada. Quem, em sã consciência e domínio das chamadas faculdades mentais comemora a doença e a morte de outro ser humano? Quem, que saiba o significado da palavra ética, ou que respeite valores cristãos, deseja que “o capeta a abrace” como fez o “médico” Richam Ellakkis, num grupo de Whatsapp? Quanta desfaçatez e estupidez! Quanta insanidade! Pra mim, esses que destilam seu ódio e sua intolerância, esses não são gente. Perderam a humanidade, a capacidade de pensar e agir racionalmente.
Dona Marisa Leticia foi vítima de preconceito, intolerância e ódio em vida e na morte. Como bem escreveu a jornalista Tereza Cruvinel no artigo “Marisa, uma brasileira”, publicado no site Brasil 247, foi “uma mulher do povo, uma brasileira de fibra que silenciosamente ajudou a escrever páginas importantes da história contemporânea”. (http://bit.ly/2l591XF).
Foi uma mulher de garra, o esteio e o porto seguro de Lula e de seus filhos. Foi uma mulher discreta, decente e digna. Até agora, embora injuriada e chincalhada pela mídia e por adversários políticos e detratores, acusada e indiciada, nada se provou contra ela. Que lhe seja feita Justiça e que descanse em paz.
Boa Semana! Paz e Bem!
*Luiz Cláudio Romanelli, advogado e especialista em gestão urbana, ex-secretário da Habitação, ex-presidente da Cohapar, e ex-secretário do Trabalho, é deputado pelo PMDB e líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná. Escreve às segundas-feiras sobre Poder e Governo.