Luiz Claudio Romanelli *
Nos primeiros três meses deste ano, a inflação caiu e as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) subiram. O IPCA de janeiro a abril foi de 2,7%, contra 4,29% no mesmo período de 2022. A estimativa é que o índice feche 2023 muito abaixo de 6%, contrariando as previsões do mercado. Inflação, como todos sabem, é o pior imposto para o trabalhador, pois corrói a renda e a esperança das famílias.
Em relação ao PIB, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informa que a atividade econômica do País cresceu 3,6% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e 1,6% em relação ao quadrimestre final do ano passado. Esta taxa é quase o dobro do que previam os especialistas.
Sob a ótica financeira, a estimativa da FGV é de que o PIB acumulado no primeiro trimestre tenha alcançado R$ 2,8 trilhões, contra R$ 2,4 trilhões no ano passado.
O aumento foi puxado pela agropecuária, mas o setor de serviços também influenciou no crescimento. O consumo das famílias subiu 4,7% e as maiores contribuições foram a compra de serviços e de bens não duráveis. A exportação de bens e serviços aumentou 5,7%.
Esses dados sustentam a expectativa de que, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos com a recente instabilidade política, o Brasil tem condições e potencial para crescer e prosperar, apesar ainda da torcida contra de alguns setores e segmentos.
Quando a economia cresce, crescem também as oportunidades de emprego e as condições de melhoria da renda e da qualidade de vida das famílias brasileiras. A expectativa é para que se confirmem as palavras de Robin Brooks, economista-chefe do Instituto Internacional de Finanças (IIF).
Para ele, o “Brasil está a caminho de se tornar a Suíça da América Latina. Está surgindo um enorme superávit comercial, diferente de qualquer outro país da região. Isso vai dar ao Brasil estabilidade externa e uma moeda forte, diferente do resto da América Latina. O Brasil será a âncora da região”.
O potencial brasileiro também é reconhecido em recente estudo do banco americano Goldman Sachs. O Brasil está na lista de países emergentes que, na avaliação da instituição financeira, podem se tornar potências mundiais.
A condição para isso, no entanto, impõe a redução da dependência econômica dos EUA e da China, dois dos maiores parceiros comerciais do País. Para que isso aconteça, será necessário criar uma agenda global própria.
E o Paraná neste processo? O estado pode dar grande contribuição na busca de novos caminhos para o País. Peguemos como exemplo o resultado dos certificados de Área Livre da Febre Aftosa e Área Livre da Peste Suína Clássica.
Estes reconhecimentos internacionais permitiram a atração de R$ 9 bilhões em investimentos, abrangendo empreendimentos industriais para processar a carne de bovinos, suínos, aves e peixes.
As novas plantas certamente vão alavancar o comércio de proteína animal paranaense que já bate recordes. Em 2022, foram exportadas 2 milhões de toneladas de carne, que renderam ao Estado e ao Brasil divisas que somam US$ 4,2 bilhões.
Na comparação com 2020, houve uma alta de 53% nas receitas deste segmento. Quando assunto é o agronegócio, também precisamos comemorar a safra de grãos, que deve ter um aumento de 38% sobre o volume colhido no período anterior.
Os bons ventos que sopram do campo, alcançam as cidades, principalmente quando analisamos o mercado de trabalho. O Paraná fechou o primeiro trimestre de 2023 com uma taxa de desocupação de 5,4%, um dos menores índices de desemprego do País.
Quem anda pelo estado consegue observar que em todas as regiões há postos de trabalho disponíveis. Nos falta, na verdade, profissionais qualificados para ocupar as vagas que estão abertas.
Com mais empregos, melhora o salário. Segundo o IBGE, a renda dos trabalhadores paranaenses passou de R$ 2.889,00, nos primeiros três meses do ano passado, para R$ 3.064,00, no mesmo período deste ano.
Além disso, temos o maior piso mínimo regional do País, com valores que variam de R$ 1.731,02 a R$ 1.999,02. Criamos esta política pública em 2006 e me orgulha ter contribuído para a consolidação do salário mínimo do Paraná.
O desempenho econômico recente do Paraná e do Brasil precisa ser duradouro e sustentável. Para isso, é preciso respeitar os fundamentos de uma economia saudável, que são a credibilidade, previsibilidade e estabilidade, aliadas ao crescimento continuado, baixa taxa de desemprego e inflação controlada.
Isso implica em um grande trabalho de reconstrução da nação e da aprovação de medidas estruturantes. Mas o fato concreto é que ao analisar os dados aqui apresentados visualizamos que este País tem jeito!
* Luiz Claudio Romanelli é advogado, especialista em gestão urbana e deputado estadual do Paraná, pelo PSD