Ex-ministro Euclides Scalco morre aos 88 anos

Nos últimos dias, Scalco havia sofrido um AVC e estava internado em um hóspice de Curitiba, especializado em cuidados paliativos

O ex-ministro e ex-deputado federal Euclides Scalco, 88 anos, morreu às 4h30 desta terça-feira (16), no Valencis Hóspice, em Curitiba, em razão de complicações relacionadas a um acidente vascular cerebral (AVC), segundo informou a família. Scalco já estava com a saúde bem debilitada há alguns meses e também testou positivo para covid-19 na última semana.
 
Internado desde segunda (15), o ex-ministro estava sendo assistido pela equipe de cuidados paliativos, tendo em vista a fragilidade de seu quadro clínico. De acordo com a família, não haverá velório e Scalco será cremado ainda nesta terça, no período da tarde.

Em sua última aparição pública, Scalco recebeu o título de cidadão honorário do Paraná, em dezembro de 2019, durante solenidade na prefeitura de Curitiba. A homenagem havia sido proposta pelo então deputado Rafael Greca, em 1991, mas nunca tinha sido entregue. Vinte e oito anos depois, por solicitação do deputado Michele Caputo, a honraria finalmente foi concedida, reconhecendo a relevância de Scalco para o desenvolvimento do Paraná nas últimas décadas.

Sua biografia está descrita no livro “Euclides Scalco. O homem, seu tempo e sua história” recém publicado  pelo escritor Marcos Antonio Bastiani – sobrinho e afilhado de Scalco. A obra traz depoimentos de amigos e lideranças políticas de destaque no país, além de memórias e episódios familiares e relatos de sua jornada política.

TRAJETÓRIA
 
Uma das personalidades mais importantes da política paranaense, Euclides Girolamo Scalco se destacou no cenário nacional pela sua capacidade de articulação. Participou ativamente da luta pela reforma agrária, da mobilização pelas Diretas Já e também da criação do que hoje é Sistema Único de Saúde (SUS).
 
Nascido em Nova Prata (RS) em 1932, formou-se em Farmácia-Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sua relação com o Paraná começou em 1959, quando radicou-se em Francisco Beltrão, sudoeste do estado. Foi lá que abriu sua farmácia e iniciou a trajetória política, tornando-se vereador (1960-1962), secretário do diretório municipal do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e logo em seguida prefeito (1963-1964).

Após o golpe militar, foi um dos fundadores, em 1966, do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Pela legenda foi eleito novamente vereador em Francisco Beltrão, tendo exercido o mandato até 1969.
 
Em novembro de 1974 elegeu-se suplente do senador Francisco Leite Chaves na legenda do MDB, sendo escolhido em seguida presidente do diretório regional do partido no Paraná, cargo que exerceu de 1975 a 1979. No pleito de novembro de 1978, elegeu-se deputado federal, filiando-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Exerceu o mandato até março de 1983.
 
Reeleito em novembro de 1982 pelo PMDB, iniciou novo mandato em fevereiro do ano seguinte. Foi nomeado secretário-chefe da Casa Civil (1983-1986) do governador José Richa. Após afastar-se da chefia da Casa Civil, reassumiu seu mandato de deputado federal, tendo sido membro das comissões de Saúde e de Previdência e de Assistência Social da Câmara dos Deputados.
 
Nas eleições de 1986, elegeu-se deputado federal constituinte pelo PMDB paranaense. Em 1988, ao lado de outros peemedebistas como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro, José Serra, Pimenta da Veiga, João Gilberto e José Richa, foi um dos principais organizadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tendo sido secretário-geral de sua comissão provisória nacional e, logo a seguir, eleito na convenção de fundação do partido secretário-geral de sua primeira Executiva Nacional.
 
Após a promulgação da Constituição, em outubro de 1988, tornou-se líder do PSDB na Câmara dos Deputados. Em outubro de 1990, foi candidato a vice-governador do Paraná na chapa do governador José Richa, que não passou para o segundo turno da eleição. Exerceu o mandato de deputado até janeiro de 1991, quando foi eleito vice-presidente do diretório nacional do PSDB, exercendo o cargo até 1993.
 
Em 1994, Euclides Scalco coordenou por um curto período a campanha do candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, à presidência da República. Em junho de 1995, desfiliou-se do PSDB, permanecendo a partir de então sem vinculação partidária. Em setembro do mesmo ano, assumiu a diretoria-geral do lado brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional.
 
Scalco continuou a frente da diretoria-geral da hidrelétrica Itaipu Binacional após o pleito de 1998. Em abril do ano seguinte renunciou à diretoria-geral de Itaipu e aceitou o convite de Fernando Henrique Cardoso para assumir o cargo de ministro-chefe da secretaria geral da presidência da República.

Novamente no Paraná, continuou participando da política local e se engajando ainda mais em causas da saúde. Exerceu a presidência da Associação Amigos do HC (Hospital de Clínicas da UFPR) e foi conselheiro do Hospital Erasto Gaertner.

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