O deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) classificou nesta quinta-feira, 29, de rapinagem os R$ 10 bilhões arrecadados a mais pelas seis concessionárias de pedágio desde 1998. O valor é referente às cobranças indevidas de degraus de pista dupla e de cálculos de depreciação. Os erros impactaram nos valores das tarifas e foram identificados pela Agepar (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Paraná) em 2019.
“Para mim não são erros de cálculos, é um método para arrecadar mais. Cobraram dos paranaenses tarifas de pista duplicada em rodovias de pista simples. Um dos maiores golpes da história do Paraná. As concessionárias se aproveitam do sistema para faturar por fora mesmo cobrando as maiores tarifas de pedágio do país. Isso reduziu a nossa competitividade e engorda o caixa da empresas. Valores que foram tirados da economia do Paraná, da mesa dos paranaenses”, disse Romanelli.
O levantamento da Agepar, a pedido do deputado Requião Filho (MDB) e destacado pelo jornal O Paraná nesta quinta-feira, consolidou o valor total desde o início das cobranças do pedágio, em meados de 1998. O documento oficial aponta que as seis concessionárias arrecadaram cerca de R$ 10 bilhões a mais. O valor representa 22,5% do que foi faturado em todas as praças de pedágio nos últimos 23 anos (R$ 44 bilhões).
“Parabenizo o deputado Requião Filho por ampliar esse debate necessário. Esses valores devem ser devolvidos ao povo do Paraná. Não é possível aceitarmos uma situação como essa. É revoltante”, pontuou Romanelli. A Agepar está com ações na Justiça solicitando a devolução dos valores.
VIGILANTE
Romanelli lembrou que esse é mais um passivo do sistema de pedágio do Paraná. Um levantamento do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) divulgado no início da semana pela Gazeta do Povo apontou a existência de 28 obras inacabadas, sendo que 17 nem foram iniciadas.
“Não tem erro, com esse pedágio é uma notícia ruim por dia. Por isso estamos vigilantes e não aceitamos o modelo proposto pelo Governo Federal. Um modelo que possui muito mais semelhanças do que diferenças em relação ao que está em vigor”, salientou.
RAPINAGEM
Pelo levantamento da Agepar, a concessionária Rodonorte, que gerencia rodovias nos Campos Gerais e no Norte, arrecadou R$ 6,4 bilhões a mais. Isso representa quase 43% do que foi faturado desde o início das cobranças (R$ 14,9 bilhões).
A Econorte, concessionária no Norte e Norte Pioneiro, engordou o caixa em 17,3 %. Foram cerca de R$ 744 milhões cobrados a mais de um total de R$ 4,2 bilhões.
A Ecocataratas, empresas de rodovias na Região Central e no Oeste, arrecadou R$ 1,4 bilhão a mais, o que representa 23,5 % do total faturado desde 98 (R$ 6,1 bilhões).
A Caminhos do Paraná, que opera nos Campos Gerais, cobrou R$ 1,1 bilhão a mais dos paranaenses, valor que representa 19,3 % dos R$ 5,8 bilhões arrecadados. Já a Viapar, concessionária do Noroeste, arrecadou R$ 202 milhões em valores a mais, ou 2,73 % dos R$ 7,4 bilhões que entraram no caixa da empresa com tarifas.