O desmonte do Brasil

Luiz Claudio Romanelli*

“O pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”. (Winston Churchill)

Todos sabem que eu fui contra o impeachment da presidente Dilma Roussef.

Várias vezes me manifestei sobre esse tema, especialmente porque considero que a interrupção do mandato de um governante é um fato muito grave, que gera consequências imprevisíveis, ainda mais se considerarmos que a nossa democracia é muito frágil.

Em artigo anterior, afirmei que o afastamento da presidente Dilma foi um golpe tramado e levado a cabo por um conluio de políticos corruptos, com parte expressiva da mídia e com apoio de movimentos de direita que arregimentaram legiões de analfabetos políticos na internet, além é claro, de muita gente bem intencionada que viu na saída da Dilma, a única alternativa para que o país não entrasse no caos. Ledo engano!

Também denunciei que desde que tomou posse, Temer começou a promover um desmonte de políticas públicas estruturantes e adotou uma política econômica recessiva.

Ela aprofunda os erros que já haviam sido cometidos pela presidente Dilma.

Afirmei, inclusive, desde que surgiu a primeira denuncia contra Temer, que ele havia perdido as condições morais de continuar governando e deveria renunciar.

Endossei o movimento pela convocação de eleições diretas- que não recebeu o necessário apoio da mídia e não prosperou.

Dia a dia, a própria imprensa que defendeu com unhas e dentes o afastamento de Dilma foi constatando o que muitos sabiam desde o inicio: que o impeachment foi urdido e levado a cabo por políticos corruptos para estancar a sangria da Lava Jato e uma quadrilha se instalou no Palácio do Planalto.

Quando o país, minimamente, estava começando a ter algum tipo de estabilidade, veio mais esta denúncia – que hoje está óbvia – preparada pelo já quase ex-Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. Ele está convencido que Temer é o chefe de uma organização criminosa e tem que ser afastado da Presidência da República.

Com o forte apoio que teve- e ainda tem da Rede Globo- ele não para de disparar as flechas e algumas, inclusive, são flechas bumerangues que estão voltando contra ele mesmo.

Certamente será julgado pela história e a mim parece que o julgamento não será o mais favorável.

Nas minhas andanças semanais pelo Paraná converso muito com as pessoas. E o que mais escuto é que as pessoas querem estabilidade, querem paz para trabalhar e produzir. “Tenham piedade do Brasil. Vamos desligar a televisão e tocar nossa vida, porque todos os dias temos que levantar cedo e trabalhar muito para encontrar soluções”, me disse um senhor, em Colorado, onde estive na sexta-feira passada.

O Brasil precisa de estabilidade, e nós precisamos, urgentemente, retomar o desenvolvimento do país. Os agentes econômicos precisam ter confiança na nossa economia. Temos que fazer investimentos públicos importantes em infraestrutura.

Nós não temos como esperar até 2018, para passar o ano inteiro em campanha eleitoral, debatendo temas fakes, com discussões sobre ideologia de gênero, aborto e mais outros temas polêmicos, que não têm nada a ver com as soluções para a economia e para a sociedade brasileira, do ponto de vista estruturante.

Nós temos que providenciar as condições para poder fazer com que o Brasil progrida, que possa crescer, que possa ter uma política industrial estável, que tenha, de fato, uma dinâmica em relação à política cambial. Que possa haver uma redução significativa da taxa de juros, pois isso reduzirá o tamanho do rombo fiscal do Governo Federal.

Espero que o país possa promover uma reforma da previdência, não com o conteúdo daquela que está no Congresso, mas uma forma reforma justa, que traga igualdade entre todos os brasileiros, independente se funcionários públicos ou do setor privado.

O país precisa ainda de um pacto pela retomada do crescimento, pensando nos 13,3 milhões de chefes de famílias que estão desempregados, bem como precisa encontrar solução para os salários que estão sendo achatados e para retomar programas de políticas públicas que estão sendo descontinuados por ações de ministros despreparados e descompromissados, e até por vingança por terem sido “vitrines” no governo petista.

Temos que dar uma chance ao Brasil real.

Quando há responsabilidade e ações focadas e firmes, como ocorre no nosso Estado, há crescimento.

A economia do Paraná confirmou a tendência de retomada e fechou o primeiro semestre com crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No fim do primeiro semestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná somava R$ 233,86 bilhões. O PIB do Brasil teve variação nula no mesmo período, na comparação com 2016.
O bom desempenho da economia no primeiro semestre deve contribuir para que o Estado feche o ano com crescimento do PIB.

A projeção do Ipardes é de um avanço de 1,5% no PIB paranaense em 2017.

Uma outra estimativa, do banco Santander, aponta para um crescimento de 1,7% para a economia do Estado.

O brasileiro esta farto de escândalos. Quer trabalhar em paz, viver em harmonia. Como me disse aquele senhor de Colorado: “tenham piedade do Brasil”.
Boa Semana! Paz e Bem!

*Luiz Cláudio Romanelli, advogado e especialista em gestão urbana, ex-secretário da Habitação, ex-presidente da Cohapar, e ex-secretário do Trabalho, é deputado pelo PSB e líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná. Escreve às segundas-feiras sobre Poder e Governo.