Embora as incertezas da cena política brasileira praticamente monopolizem a atenção dos brasileiros, o cenário econômico revela que a crise parece longe de um desfecho favorável. Empresas fecham as portas, Estados sem condições de honrar a folha de pagamentos, desemprego em níveis crescentes.
Na quinta-feira, 24, o IBGE divulgou os números do desemprego no país que atingiu o maior patamar desde 2012, quando se iniciou este tipo de medição. De novembro de 2015 a janeiro de 2016, o desemprego ficou em 9,5% e atinge 9,6 milhões de pessoas, uma alta de 42,3% sobre 2015.
Para que o nível do emprego e renda pare de cair, o governo federal enviou ao Congresso Nacional uma série de projetos Um deles recria a CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira). Outra proposta, ainda não enviada, porém já gestada pelo Ministério da Fazenda, é um projeto de ajuste fiscal que prevê restrição à ampliação do quadro de pessoal, restrição ao reajuste real de salários (acima da inflação) de servidores e redução das despesas com cargo em comissão, com corte de pelo menos 10% das despesas com cargos de livre provimento.
O ajuste, mais uma vez, tem como destinatários os trabalhadores e a classe média, já suficientemente penalizados por cortes nos direitos trabalhistas e sociais e com o aumento de tarifas e impostos.
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, avalia que se essas medidas forem aprovadas, o país retoma o crescimento. Mas alguém, em sã consciência, apostaria suas fichas na aprovação da CPMF, neste momento em que a pauta do Congresso está dominada pela discussão do impeachment e pelos desdobramentos da Lava Jato? O embate político paralisou a economia.
Apesar dos fatores externos (como o desaquecimento da economia chinesa, que reduziu suas compras em quase 40%, entre janeiro de 2014 e 2015), o governo errou na condução da política econômica. O país não tem uma política industrial consequente e vem promovendo cortes e mais cortes nas verbas de pesquisa e inovação.
O país não prevê investimentos de longo prazo, com valorização do trabalho e da produção, não tem uma política para recuperar a produtividade e competitividade da indústria. Cometeu o mesmo erro de todos os governos anteriores, com a manutenção da economia dependente da produção e exportação de produtos agrícolas e minerais.
O governo precisa reconhecer os erros e corrigi-los, seja no âmbito político como no campo econômico. O prometido e nunca cumprido corte de gastos precisa ser feito, mas não à custa da vedação ao aumento real do salário mínimo e dos cortes em programas sociais. Neste ano gastaremos mais R$ 500 bilhões com o pagamento de juros ao sistema financeiro, que nunca antes na história deste país teve anos tão gloriosos.
O governo federal não fez o ajuste prometido e arrastou consigo Estados e municípios para o fundo do poço. Depois de muita pressão, enviou para o Congresso o projeto de lei que estende o prazo de pagamento das dívidas dos estados com a União por mais 20 anos e que também prevê alongamento, por 10 anos, das dívidas dos Estados junto ao BNDES. A intenção é aliviar as contas dos governos estaduais e estimular a economia.
No Paraná, conforme projeção do Ipardes, os investimentos de cerca de R$ 8 bilhões previstos pelo Governo do Estado para 2016 vão impulsionar a geração de emprego, especialmente na construção civil, um dos setores mais afetados pela recessão econômica brasileira.
A estimativa é que possam ser gerados até 50 mil empregos diretos e indiretos com as obras previstas, que incluem de pavimentação urbana à duplicação de rodovias, de construção de moradias, presídios, escolas, hospitais, além de reformas e melhorias em edificações públicas. Do total, R$ 3,7 bilhões são de recursos do Tesouro e R$ 4,3 bilhões de estatais, como Sanepar, Copel e os Portos de Paranaguá.
Na semana que passou, o governador Beto Richa deu outras boas notícias aos paranaenses. Na quarta-feira (23), anunciou a construção de mais 1.520 casas populares, em 21 cidades. Em cinco anos, mais de 105 mil famílias paranaenses são atendidas com casas próprias – entregues, em construção ou já asseguradas. Além das casas urbanas, foram entregues 14 mil moradias para famílias de agricultores. Está aí uma parceria com o governo federal, por meio da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil que é muito bem sucedida.
Outra boa nova é que a Copel deve reduzir em pelo menos 11,5% a tarifa de energia em junho. A empresa já encaminhou por determinação do governador Beto Richa os seus contratos para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para iniciar a revisão tarifária que definirá o índice a ser aplicado neste ano.
Em Curitiba, a Copel vai retirar as torres e superpostes da Avenida Comendador Franco – Avenida das Torres – que liga a capital a São José dos Pinhais e ao aeroporto Afonso Pena. A companhia vai substituir a atual linha de energia por uma nova linha subterrânea, com um investimento de R$ 157 milhões, que inclui também a construção de uma nova subestação.
Em tempos de crise, são ações extremamente importantes, que vão gerar empregos e garantir mais renda aos paranaenses.
Nosso desafio é superar o pessimismo e não deixar que a visão catastrófica dos comentaristas de plantão contamine a sociedade, até porque eles estão bem empregados e cuidam do interesse do sistema financeiro que paga por suas consultorias milionárias. Paz e Bem e uma ótima semana a todas e todos.