Luiz Cláudio Romanelli*
O ano de 2015 não foi um ano qualquer.
Foi atípico. Foi cheio de surpresas. Foi um ano de ressaca pós-eleitoral. Foi intenso. Foi longo. E com todas as intempéries, nos preparou para uma certeza — aconteça o que acontecer, 2016 não nos pegará de surpresa.
O fato é que, ao final de 2014, sabíamos que teríamos problemas, mas havia a expectativa que com a mudança da equipe econômica, com a indicação de um especialista indicado pelo “mercado”, seriam feitos os ajustes necessários, criaria-se uma agenda propositiva de reformas e isso recolocaria o país no rumo certo. Ledo engano. A gestão do Ministro Joaquim Levy acabou sendo um fracasso e quando foi substituído, já no final do ano, a sensação de foi de alívio.
Ainda assim, sabemos que a economia não está em plena atividade e que podemos ter alguns reveses, que acarretarão em dificuldades em 2016. Nesse sentido, considero inevitável incluir na lista de desejos para o ano novo, o otimismo.
E tendo sido 2015 um ano difícil para todos nós, brasileiros, o que nos resta desejar — e lutar — mais do nunca, é por um 2016 melhor em todos os sentidos. E com a crise onipresente, cabe nesta época, a metáfora do copo pela metade.
Para quem não sabe ou não lembra, essa metáfora diz que existem várias formas de posicionamento ao se analisar um copo com água até a metade: a dos otimistas, que sempre veem o copo quase cheio, a dos pessimistas, que enxergam o copo meio vazio, e por fim, a dos realistas, que dizem que o copo está ali e tem água.
Fato é que por mais otimistas que sejamos em relação ao país, há que se reconhecer que com o cenário econômico e político atual, as perspectivas para este ano que se inicia são desafiadoras. A não resolução da crise política e a falta de soluções (ou o excesso de soluções erradas) para a economia, deixam os brasileiros menos confiantes do que em anos anteriores.
Mas parte dessa desconfiança, ao meu ver, vem pelo bombardeio diário da mídia em cima apenas de dados e de notícias ruins, — aliás, o Papa Francisco tem chamado a atenção da mídia por boas notícias —, e parte pela atuação de parcela da nossa elite política e econômica que aderiu definitivamente à tese do “quanto pior, melhor”. Os interesses desses não são os mesmos da grande parcela da população, que trabalha diária e incansavelmente, por uma vida melhor.
Por isso acredito que por mais que o cenário não seja o melhor, temos em primeiro lugar que acreditar no país. E em segundo, desejar e trabalhar por ele. As dificuldades existirão, é verdade, mas há uma conjunção de fatores que nos fazem ver uma luz no fim do túnel, por menor que seja. O principal, acredito, é que os brasileiros estão cada vez mais interessados em participar do debate político e cobrar soluções dos governantes.
Outro aspecto a ser destacado é a adequação do valor do dólar, que, se por um lado elevou a inflação num primeiro movimento, aos poucos está viabilizando cadeias produtivas exportadoras e segmentos que atendem o mercado interno e que haviam perdido a competitividade em relação aos produtos importados. Só esse fato gerará a ampliação e em muitos caos a manutenção dos empregos.
E o mesmo vale para os paranaenses. Muito embora a nossa economia diversificada esteja hoje em uma situação melhor que outras unidades da federação, o declínio da economia nacional já está nos afetando com a redução da oferta de empregos, e em determinado momento haverá o aumento da taxa de desemprego, como ocorreu recentemente o rebaixamento do grau de investimentos dos estados e municípios, consequência do rebaixamento da União.
Mesmo assim, teremos um orçamento de R$ 54,5 bilhões, e em investimentos R$ 6,8 bilhões, sendo R$ 3,1 bi através de recursos do Tesouro, em obras de infraestrutura e R$ 3,7 bi por meio das nossas estatais Copel, Sanepar e Portos do Paraná, que servirão para gerar atividade econômica e empregos, principalmente na área da construção civil, o que é fundamental na crise, pois é a mão de obra com pouca qualificação a mais afetada. Além disso, com a criação do Fundo de Combate à Pobreza da ampliaremos os programas na área de habitação e da assistência social, combatendo a desigualdade social que aumentará em função da crise econômica.
Será necessário ainda, criar um pacto paranaense pelo emprego, onde possamos articular o desenvolvimento de estratégias pela manutenção dos empregos, adotando medidas anficíclicas que fomentem a economia e protejam as empresas paranaenses, e as mantenham competitivas, para enfrentarmos estes tempos bicudos.
A retomada da normalidade dos investimentos é o grande desafio para o ano que se inicia e isto depende da união e do trabalho de todos. Os problemas não vão desaparecer do nada e o que está em jogo são as conquistas dos últimos anos e de um futuro promissor para o país. O ano de 2016 certamente trará mudanças, mas o seu impacto na sociedade depende de nós.
Por fim, teremos um mês de recesso neste espaço. Aproveito para cumprimentar os meus colegas colunistas deste Blog, que muitas vezes tem opinião divergente da minha, mas os respeito pela coragem de sempre exporem as suas ideias, mesmo diante da intolerância que reina nestes tempos de ativismo opinatorio.
Desejo ainda a todos os leitores do Blog do Esmael que 2016 seja um ano de paz, saúde e que todos possam alcançar o seu propósito de ano novo. Paz e bem!