A perspectiva de vida da dona de casa Beatriz de Fátima da Rosa, 37 anos, moradora de Santo Antônio do Sudoeste, a 650 quilômetros de Curitiba, na divisa com a Argentina, começou a mudar. Beatriz e os filhos Jéssica, 11 anos, Lucas, 7 anos, e Gabriela, de 2 anos, vivem em um barraco de madeira de pouco mais de 20 metros quadrados em um sítio da família do atual marido dela, no interior do município.
Beatriz é viúva e tem dois filhos mais velhos, que já saíram de casa para tentar a vida. O atual marido sobrevive de serviços temporários na lavoura, muitas vezes em municípios distantes. Os R$ 204 reais mensais do programa Bolsa Família eram a única renda fixa da família, que começou a ser atendida pelo programa Família Paranaense, do Governo do Paraná, em 2012.
Desde então, as coisas começaram a melhorar. Beatriz se alegrou e começou a progredir. Ela conseguiu duas vacas de leite e com ajuda dos programas sociais decidiu empreender. Conversando com a assistente social do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e com a agente de crédito da Fomento Paraná, na Agência do Trabalhador, a dona de casa descobriu a possibilidade de fazer um financiamento pelo programa Paraná Juro Zero.
Beatriz decidiu comprar mais uma vaca de leite e um freezer para manter o leite, que é vendido para a Cooperativa de leite da Agricultura Familiar – CLAF. “Foi a experiência maior e mais maravilhosa, que eu jamais imaginei. É uma coisa muito boa. O dinheiro do financiamento saiu mais rápido do que eu pensei e estou muito feliz”, conta Beatriz, que financiou R$ 1.000,00 para pagar uma vaca leiteira Jersey e R$ 2.000,00 para um freezer.
“Agora, a cada quatro dias eu entrego 50 litros de leite, de duas vacas, além do que eu uso em casa e vendo para vizinhos. Minha renda já aumentou e dá para viver bem. Graças a Deus, não faltou mais nada para as crianças”, diz ela. “No futuro quero comprar mais vacas para aumentar minha renda e para eu e meu esposo e meus filhos termos uma vida melhor, mais confortável, arrumar nossa casinha.” Para sorte da família, a vaca Jersey, que recebeu o nome de Ariana, chegou prenhe e já deu à luz um terneiro, que vai a ajudar a aumentar ainda mais a renda da mensal.
“É uma família que vivia em extrema vulnerabilidade, com um dos índices mais elevados na listagem de famílias”, conta a assistente social Claudia Zimmermann, técnica responsável do Programa Família Paranaense em Santo Antonio do Sudoeste. “Nós começamos a atender as crianças e colocamos o grupo no Programa de Atenção Integral à Família, mas percebemos que ela tinha vontade de evoluir”, explica Claudia. “A história da Beatriz tem muito a contribuir para mostrar às outras famílias que é possível sim começar devagarinho e aumentar a renda”, diz ela.
A agente de crédito Elizete Tonelli, da Agência do Trabalhador, fala sobre a experiência de concluir uma operação de crédito do Paraná Juro Zero. “É uma satisfação muito grande olhar para a dona Beatriz e ver o brilho nos olhos por mais uma conquista, que vai gerar uma renda maior, garantindo para ela e para os filhos um sustento adequado e uma reserva financeira para continuar esse investimento”, afirma Elizete.
De acordo com a agente de crédito, graças ao projeto da Beatriz, outras duas famílias já estudam propostas para compra de animais para produzir leite no município, que já contabiliza sete contratos de financiamento pela linha Paraná Juro Zero em andamento. “As pessoas agora começam a procurar mais porque tem divulgação maior e isso gera credibilidade entre os usuários do sistema”, explica Elizete Tonelli.
De acordo com a secretária da Família e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa, responsável pelo programa Família Paranaense, o que se pretende com esta iniciativa é oferecer uma oportunidade de vida melhor para as famílias. “Nossas ações são planejadas e executadas para o protagonismo e a emancipação das pessoas”, disse Fernanda.
O presidente da Fomento Paraná, Juraci Barbosa, disse que o programa Juro Zero permite que as famílias atendidas por programas sociais possam vislumbrar uma porta de saída para andar com as próprias pernas, sem depender de ninguém. “Todo mundo quer ser dono do próprio negócio e o Juro Zero é uma ferramenta criada pelo governador Beto Richa que oferece essa possibilidade, que é transformar o sonho em realidade, por meio do espírito empreendedor, que pode estar em coisas simples”, afirma Juraci Barbosa.
MINI FÁBRICA DE SABÃO – Outra família de Santo Antônio do Sudoeste que começou a empreender com apoio do programa Paraná Juro Zero é a da diarista Edite da Veiga, de 36 anos. Edite e dois filhos vivem em condição de vulnerabilidade em uma área de ocupação urbana no bairro Novo Horizonte e também são atendidos pelo programa Família Paranaense.
Com apoio dos assistentes sociais do CRAS do município, Edite conheceu o programa Paraná Juro Zero, da Fomento Paraná, e foi incentivada a empreender para melhorar a renda da família.
Ela decidiu financiar a compra de equipamentos e matéria prima para iniciar a fabricação de sabão de álcool para revender em casa. O financiamento, de R$ 1.000 deve ser pago em dez parcelas de R$ 100,00, sem juros, se for pago em dia. A matéria prima principal é o óleo de cozinha reutilizado obtido em restaurantes e lanchonetes da cidade. Edite conta com apoio do Comitê Local do Família Paranaense no projeto, principalmente dos técnicos da empresa de extensão rural Emater e da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, que ajudaram com a receita de sabão em pedra caseiro.
“Eu sempre trabalhei como diarista, mas agora descobri o sabão e estou indo em frente. O pessoal do CRAS está me ajudando muito”, conta Edite. “Até pensei em abrir uma mercearia, mas o local não é muito bom para isso e os produtos podem estragar. Então descobri o sabão, que não estraga. E está dando certo. As pessoas compram bastante”, diz ela.
Edite gostou muito do Paraná Juro Zero. “É uma ajuda pra gente, né? Assim a gente consegue fazer alguma coisa e ir em frente. É bem legal. As pessoas que ainda não fizeram, que façam, porque vai dar certo. Temos que ter fé e trabalhar bastante, claro.” O sabão é vendido em barras ao preço de R$ 3,00, R$ 2,50 e R$ 1,50. “Tem três preços que é para ninguém ficar sem sabão”, explica Edite.
Crédito: Luciano Patzch